Criança

Como deve ser a alimentação do bebê no primeiro ano de vida?

Muitos pais e mães se perdem em meio a tantas as preocupações com o bebê, e com razão! Novidades aparecem em cada etapa do comportamento, e a alimentação de uma criança sempre é uma questão exaustivamente debatida entre eles e profissionais de saúde. Alguns relatam a dificuldade de alimentar um filho que recusa determinados alimentos, que não apresenta um apetite satisfatório, dentre outras situações.

A alimentação do bebê nos primeiros meses de vida é muito importante, uma vez que é um intervalo de tempo crucial para o bom desenvolvimento e crescimento da criança. Por isso, preparamos um guia com algumas orientações para a dieta da criança no primeiro ano de idade baseadas no Ministério da Saúde e na Sociedade Brasileira de Pediatria.

Muito importante ressaltar, que todas estas dicas devem ser discutidas e orientadas pelo seu pediatra de acordo com o crescimento e com desenvolvimento de cada criança. As questões nutricionais devem ser avaliadas individualmente, de acordo com as necessidades e características de cada um.

Os 6 primeiros meses de vida

O primeiro passo de uma correta alimentação infantil é dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. O colostro — o leite dos primeiros dias pós-parto — é produzido em pequena quantidade, possui alto teor de proteínas e anticorpos maternos, por isso, é fundamental nos primeiros dias, especialmente para bebês prematuros.

Os demais líquidos podem prejudicar a sucção do bebê e aumentar o risco de contaminação de doenças. Isso porque os bicos ou mamadeiras fazem com que o bebê engula mais ar, causando desconforto abdominal com a formação de gases (e consequentes cólicas). Conclusão: o leite materno contém todos os nutrientes necessários para o correto desenvolvimento do bebê, além de proporcionar toda a proteção necessária contra infecções e alergias e estimular o desenvolvimento dos sistemas imunológico, neurológico e digestório. E vale a dica: amamentar é também promover uma conexão afetiva sem igual entre mãe e filho — veja algumas dicas para amamentar corretamente.

Há, porém, casos de impossibilidade de aleitamento materno. Quando isso acontece, a alimentação do bebê fica por conta de fórmulas infantis, que, em geral, contém carboidratos, proteínas, minerais, gorduras, vitaminas, microminerais e outros nutrientes que satisfazem suas necessidade; estas se diferenciam basicamente do leite materno, apenas por não conter anticorpos da mãe, fato que ajuda muito na imunidade do recém nascido. Mas essas fórmulas devem ser prescritas pelo pediatra.

Vale destacar que o leite de vaca (in natura, integral, em pó ou fluido) não contempla as características corretas da fórmula infantil, e por isso não é um alimento próprio para crianças menores de 1 ano.

A alimentação do bebê após 6 meses

Para que o bebê continue com bom crescimento, a partir dos 6 meses deve-se introduzir lenta e gradualmente outros alimentos, mantendo o leite materno (que ainda é ótima fonte de calorias e nutrientes) até os dois anos de idade ou mais. A criança já apresenta certa maturidade fisiológica e neurológica para receber outros alimentos, inclusive semissólidos, mas não se esqueça de que ela tende a rejeitar as primeiras ofertas, já que tudo é novo.

Com a introdução de novas comidas, a criança pode ingerir uma quantidade pequena e demonstrar sinais de fome após a refeição, caso em que poderá ser amamentada. Além disso, torna-se importante a oferta de água à criança, a mais limpa possível (tratada, filtrada e fervida).

Destacamos aqui também os outros passos para a alimentação saudável após o primeiro semestre de vida:

  • A alimentação complementar (tubérculos, carnes, cereais, leguminosas, frutas e legumes) deve ser diversificada, oferecida entre três (enquanto a criança ainda recebe leite materno) e cinco vezes ao dia (desmamada), sem horários rígidos e com respeito à vontade da criança.
  • Deve ter consistência pastosa (papas, purês) no início para, gradativamente, chegar à alimentação normal da família (a partir do 8º mês de vida). Ofereça-a sempre com colher para a criança se acostumar.

A respeito dos alimentos que devem ser oferecidos, o ideal é que sejam cozidos somente em água, amassados ou picados (carnes, por exemplo, também podem ser desfiadas) e sem ou pouquíssimo sal. Utilize cebola, salsa, alho, cebolinha ou azeite para temperar a refeição — com parcimônia, claro.

Tenha um cuidado especial com alimentos como beterraba e espinafre, que interferem na absorção de cálcio e ferro dos outros alimentos, e não devem ser oferecidos diariamente. O ovo inteiro (sempre cozido) pode ser introduzido a partir do sexto mês, ao passo que leguminosas e verduras, bem como alimentos com glúten, a partir do 7º.

As frutas podem ser oferecidas em formas de papas (amassadas/raspadas) duas vezes ao dia ou em forma de suco, desde que não utilize açúcar e água, não ultrapasse 100ml por dia e seja dado após as refeições principais. Tenha em mente que a higiene no preparo e manuseio dos alimentos é crucial, assim como seu armazenamento e conservação adequados.

Esquema de alimentação para bebês de até 1 ano

Com o objetivo de facilitar a visualização das refeições do seu bebê, apresentamos um esquema sugerido pelo Ministério da Saúde em “Dez passos para uma alimentação saudável – Guia alimentar para crianças menores de dois anos”:

  • Até completar 6 meses: aleitamento materno exclusivo.
  • Ao completar 6 meses: leite materno sob livre demanda, papa de fruta (duas vezes), papa salgada (uma vez).
  • Ao completar 7 meses: leite materno sob livre demanda, papa de fruta (duas vezes), papa salgada (duas vezes).
  • Ao completar 8 meses: gradativamente passar para a alimentação da família.
  • Ao completar 12 meses: leite materno e fruta/cereal/tubérculo; fruta; refeição básica da família; fruta/pão simples/cereal/tubérculo; e refeição básica da família.

Para que seja ideal, a papa salgada deve conter alimentos de variadas classes: cereais ou tubérculos (arroz, milho, cará, batata, mandioca, inhame, batata doce), leguminosas (feijão, soja, ervilha, lentilha, grão-de-bico), verduras e hortaliças (alface, espinafre, couve, almeirão, taioba, brócolis), proteína animal (frango, carne bovina, peixe, vísceras, ovo, carne suína) e legumes (cenoura, chuchu, abóbora, vagem, berinjela, beterraba).

São essas as orientações principais do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria (há também uma cartilha mais simples baseada na SBP feita pela UFMG aqui) para que a alimentação do bebê nos primeiros meses de vida seja adequada e proporcione um crescimento e desenvolvimento corretos.

Em qualquer circunstância, inclusive quando o seu bebê estiver doente, é preciso estimulá-lo a se alimentar, sempre respeitando a sua aceitação. Por fim, vale lembrar que existem outras formas de nutrição da criança além da alimentação: a exposição ao sol em horários adequados, por exemplo, é fonte de vitamina D, que influencia na manutenção do tecido ósseo e no sistema imunológico. Mas isso é assunto para outro post!

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    Dra. Mariana Mader Pires de Castro

    Dra. Mariana Mader Pires de Castro

    (CRM: 876879RJ)
    Graduação em Medicina pela Universidade Estácio de Sá;
    Residência Médica em Pediatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
    Residência Médica em Endocrinologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
    Certificado de Atuação na Área de Endocrinologia Pediátrica (CAAEP)- RJ; Mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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