Estima-se que em cerca de 40% dos casais brasileiros, a mulher tenha realizado uma cirurgia de laqueadura. A laqueadura e a vasectomia, seu equivalente no homem, são métodos contraceptivos considerados definitivos, mas que na realidade podem ser revertidos na maioria dos casos. Continue a ler nosso post para entender como é possível reverter a laqueadura.
O que é a laqueadura?
Existem várias técnicas para a cirurgia de laqueadura. A mais comum consiste na realização de um corte na tuba uterina, também conhecida como trompa, e na amarradura das pontas do corte. Com isso, não há comunicação entre o lado da tuba que recebe o óvulo e o lado que se conecta ao útero, impedindo a passagem dos espermatozoides e a fecundação.
A cirurgia é feita em ambas as tubas e, se bem sucedida, a mulher não engravida mesmo se não utilizar outro método contraceptivo.
Como ela é revertida?
A reversão vai ocorrer com o reencontro das pontas que haviam sido amarradas, restaurando a conexão dos ovários com o útero. As tubas tem um diâmetro de 3-5mm, necessitando de uma equipe capacitada em microcirurgia para a reversão, que geralmente é feita laparoscopicamente, com cortes bem pequenos para a inserção dos instrumentos.
A reversão é sempre possível?
Apenas nos casos em que a porção da tuba que recebe o óvulo está íntegra. Na maioria das laqueaduras isso ocorre, mas caso a cirurgia tenha sido feita com a destruição dessa porção ou com a retirada total das tubas, na salpingectomia, a reversão não será possível.
Qual a chance da reversão dar certo?
Reverter a laqueadura é mais complicado do que a reversão da vasectomia nos homens. O ideal é que o tecido esteja sadio, sem processo inflamatório e sem aderências. Para avaliar isso, é importante realizar um exame de imagens que mostre como se encontra o local de laqueadura, como a histerossalpingografia ou a videolaparoscopia.
Ainda assim, mesmo que seja possível recanalizar, a chance de gravidez cai bastante quando comparado a uma mulher que não tenha passado pelos procedimentos, e costuma ocorrer cerca de 6-12 meses após a reversão.
Há algum risco?
Toda cirurgia oferece um certo risco devido aos cortes e à anestesia, que pode ser geral ou peridural. O risco de gravidez ectópica tubária, na qual o bebê se desenvolve na tuba uterina e não no útero, aumenta em cerca de 8 a 20%.
A condição é considerada uma urgência ginecológica e coloca a vida da mãe em risco, devido à grande perda de sangue quando a tuba se rompe.
E quando a reversão não funciona?
Quanto mais tempo entre a laqueadura e a reversão maior a chance de haver um tecido cicatricial inflamatório, além de áreas de fibrose, reduzindo a chance de sucesso. Não se trata apenas de recanalizar estruturalmente a trompa e, sim, manter sua motilidade adequada, o que muitas vezes é muito difícil, e torna uma gravidez espontânea dificultada após a cirurgia de reversão.
Além disso, aumenta muito o risco de gravidez tubária. E caso a mulher tenha mais de 40 anos, mesmo após a reversão a chance de gravidez pode já ser bem baixa pois nesta faixa etária os óvulos decaem em número e em qualidade. Infelizmente, a maioria das mulheres que buscam a reversão da laqueadura possuem entre 40 e 45 anos e realizaram a cirurgia há mais de uma década.
Quais as alternativas?
Se mesmo com a reversão e relações sexuais frequentes o casal não engravida após um ano ou caso a reversão não tenha sido possível, a fertilização in vitro é a técnica mais indicada. Caso a mulher não tem mais óvulos sadios pode-se utilizar óvulos mais jovens, obtidos em um banco de óvulos.
O importante antes de reverter a laqueadura é discutir em detalhes com seu médico o procedimento e quais as chances de sucesso para o seu caso. É essencial também avaliar a fertilidade do parceiro e discutir quais outras alternativas estão disponíveis para que o investimento, físico e financeiro, não seja feito em vão.
Atualmente, o custo-benefício da recanalização X sucesso de gravidez, tornou a cirurgia pouco utilizada com o surgimento da fertilização in vitro.
Entendeu as possibilidades de reverter a laqueadura? Tem alguma dúvida sobre o assunto? Deixe um comentário e conte para nós!
Categorias: Gravidez
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