Gravidez

É possível reverter a vasectomia?

As crianças cresceram, divórcio, um novo casamento, a perda de um filho. Esses são os principais motivos apresentados pelos casais que chegam ao médico considerando reverter a vasectomia. Se você é um dos que está considerando o procedimento, a boa notícia é que ele é possível. Mas como todo procedimento médico, é importante conhecer algumas implicações e procedimentos.

Saiba mais sobre como reverter a vasectomia e qual a chance de ser bem sucedido.

Como funciona a vasectomia?

Para entender a vasectomia, é preciso entender primeiro o caminho que o espermatozoide faz desde a sua formação até a ejaculação. Os espermatozoides são formados pelas células do epitélio germinativo testicular e sofrem a maturação no epidídimo, um pequeno túbulo contorcido que recobre o testículo, ganhando a mobilidade e a capacidade de fecundar o óvulo. A partir daí ele está pronto para alcançar a uretra através dos ductos deferentes e ser ejaculado.

Na vasectomia, o cirurgião realiza um corte nos ductos deferentes por meio de uma incisão bem pequena de cada lado do escroto, impedindo que o espermatozoide seja liberado no sêmen, que continua a ser produzido normalmente pela próstata e pelas vesículas seminais.

Como ela é revertida?

A ideia por trás da reversão é simples: basta reconectar os ductos deferente. Mas como o testículo não para de produzir espermatozoides durante os anos de vasectomia, a pressão na luz desses tubos acaba aumentando e produzindo um processo inflamatório, que pode levar à obstrução das regiões mais fininhas presentes no epidídimo.

Assim, além de corrigir o local da vasectomia, o cirurgião precisa conferir se essa nova obstrução está presente e, caso esteja, conectar o ducto deferente diretamente ao epidídimo, numa região antes da obstrução.

Qual a chance de ela dar certo?

As chances não dependem da idade do homem, dependem principalmente do tempo que a vasectomia foi realizada. Quando o procedimento foi realizado em até 5 anos, com a realização de microcirurgia o índice de sucesso pode chegar a 90%. O índice de gravidez após a cirurgia seria de 60-70%, já que os espermatozoides têm boa qualidade.

Entretanto, após 5 anos, o índice de sucesso cai muito, devido a qualidade dos espermatozoides que está bastante reduzida, além do fato dos homens desenvolverem anticorpos contra o próprio espermatozoide, o que pode dificultar ainda mais a fecundação. Quanto mais tempo se passa, maior a quantidade destes anticorpos. Após 10 anos, a chance cai para 20-30% de sucesso.

O que faz com que a cirurgia dê errado?

Quando há uma nova obstrução no epidídimo, a cirurgia se torna bem mais complexa devido às menores dimensões desse tubo em relação ao ducto deferente e a chance de sucesso é menor. Além disso mais de 50% dos homens desenvolvem anticorpos contra o próprio espermatozoide, o que pode dificultar a fecundação, e é possível que uma cicatriz no local da conexão dos ductos deferentes obstrua o fluxo novamente, sendo necessária uma terceira cirurgia.

Quais as alternativas?

Caso a reversão da vasectomia tenha sido um sucesso, com uma contagem normal de espermatozoides no espermograma, mas a gravidez ainda assim não ocorra, a fertilização in vitro (FIV) pode ajudar. O espermatozoide pode não ter mobilidade ou a capacidade de fecundar, o que pode ser contornado com a sua inserção direta no óvulo pela técnica in vitro. Caso a vasectomia não tenha conseguido restaurar o fluxo de espermatozoides, eles podem ser aspirados diretamente do epidídimo ou do testículo e serem utilizados na FIV.

Em conclusão, é possível reverter a vasectomia, sim. Mas como é um procedimento mais caro, mais complexo e mais demorado do que a vasectomia em si, a melhor opção é não realizar a vasectomia sem considerar todos esses aspectos antes.

Além disso, o fator mais importante na fertilidade do casal é a idade da mulher e a reversão não é recomendada caso ela tenha mais de 40 anos e um potencial menor de engravidar naturalmente, sendo necessário uma avaliação médica da fertilidade do casal antes de qualquer decisão.

Artigo assinado pela Dr. Juliana Alzuguir em parceria com o Dr. Renato Muglia, Urologista responsável pelo setor de Fertilidade Do Homem e do Hospital dos Servidores do Estado (RJ).

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    Dra. Juliana Torres Alzuguir Snel Corrêa

    Dra. Juliana Torres Alzuguir Snel Corrêa

    (CRM: 5279398-1)
    Residência Médica em Ultrassonografia Obstétrica e Geral;
    Ginecologia Infanto Puberal (criança e adolescente);
    Atua como ginecologista obstetra há 12 anos.

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