Células-Tronco

Infusão de sangue do cordão umbilical para tratar acidente vascular cerebral (AVC)

Desfechos clínicos da fase 1 de um estudo da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, em conjunto com o Instituto Neurológico Metodista de Houston, Texas, EUA.

AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) é a maior causa de morte e debilidade a longo prazo, afetando uma em cada seis pessoas no mundo.

O único tratamento farmacológico aprovado é o ativador do plasminogênio tecidual (rt-PA), mas poucas pessoas são elegíveis para seu uso, uma vez que este só pode ser administrado nas primeiras horas após o evento isquêmico e tem muitos critérios de exclusão.

Uso do sangue do cordão umbilical

Estudos recentes em modelos AVC mostraram que a infusão de células-tronco permite a migração dessas células para as regiões afetadas, provocando reações imunológicas favoráveis ao cérebro. Isso ocorre através da secreção de fatores estimulantes que aumentam a formação de neurônios e vasos e reduzem o volume do infarto cerebral.

Diante desses estudos, foi elaborada a hipótese de que a infusão do sangue do cordão alogênico atuaria melhorando a funcionalidade dos pacientes, reduzindo inflamação e promovendo a proteção e plasticidade neural, o que seria demonstrado pela redução dos déficits neurológicos, físicos e funcionais.

Embora haja estudos com infusão de células-tronco da medula óssea para pacientes com AVC, foi optado por realizar essa pesquisa com células do sangue do cordão umbilical, pois essas células têm:

  • Propriedades superiores de imunotolerância (exige menor compatibilidade HLA).
  • Maior disponibilidade, pois trata-se de um produto prontamente disponível, diferente das células-tronco da medula óssea, que precisam ser coletadas por meio de procedimento cirúrgico ou por aférese.

O estudo americano da Duke University, Carolina do Norte em conjunto com o Instituto Neurológico Metodista de Houston

  • 10 pacientes que tiveram AVC no território da artéria cerebral média.
  • Sangue do cordão utilizado com compatibilidade de grupo sanguíneo ABO e raça, mas não HLA.
  • Infusão 3-9 dias após o evento isquêmico, via intravenosa periférica.
  • Não foram administrados medicamentos imunossupressores.

No início do estudo e durante o acompanhamento, os pacientes foram avaliados com escalas neurológica e de funcionalidade, incluindo a escala de AVC do Nacional Institutes of Health (NIHSS) e a escala modificada de Rankin (mRs).

Resultados

O acompanhamento dos pacientes até 12 meses após a infusão mostrou que o tratamento foi bem tolerado, sem eventos adversos de maior seriedade. O único evento possivelmente relacionado à terapia foi prurido, que se resolveu no mesmo dia da infusão, e este ocorreu em apenas um dos participantes.

A média de NIHSS inicial dos participantes foi de 11.2 +- 1.6 (intervalo 9-14) e a média inicial de pontos na escala mRs foi de 4.4 +- 0.5. Após 3 meses do tratamento, todos os participantes melhoraram pelo menos 1 ponto na escala de Rankin e pelo menos 4 pontos na NIHSS, em relação à linha de base.

Conclusão

Resultados deste estudo sugerem que a infusão de uma dose única de células-tronco do sangue do cordão umbilical alogênico é segura em pacientes com AVC, respaldando a condução de um estudo randomizado, placebo controlado, fase 2.

Artigo original:

Allogeneic Umbilical Cord Blood Infusion for Adults with Ischemic Stroke: Clinical Outcomes from a Phase 1 Safety Study.

Laskowitz DT1, Bennett ER1, Durham RJ2, Volpi JJ3, Wiese JR3, Frankel M4, Shpall E5, Wilson JM5, Troy J2, Kurtzberg J2.

Stem Cells Transl Med. 2018 May 12. doi: 10.1002/sctm.18-0008. [Epub ahead of print]

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    Dra. Edna Harumi Goto

    Dra. Edna Harumi Goto

    (CRM 124.926/SP)
    Graduação em Medicina - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
    Especialização – Residência médica em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
    Especialização – Residência médica em Hematologia e Hemoterapia pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
    Práticas em Aférese Terapêutica pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
    Título de Especialista em Hematologia e Hemoterapia pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
    Últimas posições: Médica Hematologista/Hemoterapeuta, responsável pelo Centro de Processamento Celular da UHHS – Hospital Samaritano

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