Época – Rafael Ciscati – 12/08/2016
Em 2008, a geneticista carioca Lygia da Veiga Pereira criou a primeira linhagem de células-tronco embrionárias desenvolvidas no Brasil. Foi um avanço importante para a ciência brasileira – células-tronco embrionárias podem se transformar em qualquer dos 216 tipos de células do corpo humano. Para os cientistas, elas são importantes em experimentos que tentam entender como o corpo funciona ou que busquem desenvolver terapias para males genéticos que afligem pessoas em todo o mundo. O avanço científico veio acompanhado por uma discussão complicada entre cientistas e o restante da sociedade – obter esse tipo de célula exige destruir embriões humanos. No início dos anos 2000, havia a dúvida quanto a se era correto fazer isso para fins de pesquisa. A sociedade, munida de informações apresentadas pelos cientistas, decidiu que sim.
Hoje, Lygia dirige o Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias. Ali, ela e seus alunos estudam uma síndrome genética rara, a síndrome de Marfan – um defeito genético que afeta a elasticidade dos tecidos humanos e que pode provocar morte pelo rompimento da aorta. Em suas pesquisas, Lygia faz uso de um novo avanço polêmico da ciência, com potencial para causar tanto barulho, num futuro próximo, quanto o uso de células-tronco embrionárias: a Crispr/Cas-9. Trata-se de uma técnica que permite manipular o genoma de organismos vivos, sejam eles plantas, animais, bactérias ou pessoas.
Sabemos como manipular o código genético desde a década de 1970. Nunca fomos tão eficientes nisso. A Crispr funciona como uma tesoura molecular, que permite aos cientistas localizar um gene defeituoso e cortá-lo, como quem edita um texto no computador. ÉPOCA contou a história da técnica. Os cientistas esperam usá-la para entender melhor como o corpo humano funciona e para tratar doenças sérias, como Alzheimer precoce, tumores intratáveis e aids. Mas temem que, um dia, alguém tente usar a Crispr para editar embriões humanos, óvulos ou espermatozoides – criando alterações genéticas que seriam transmitidas ao longo de gerações: “Nós modificaríamos o genoma de toda a humanidade”, diz Lygia. Queremos fazer isso?
Segundo Lygia, essa é uma resposta que a ciência não está habilitada a fornecer: “O mundo que estamos construindo é um mundo em que a ciência pode lhe dizer o que você consegue fazer, quais as possibilidades disponíveis”, diz ela. “Mas não é a ciência que vai dizer, sozinha, que aplicações vamos dar àquela tecnologia que estamos desenvolvendo.” A conclusão deve surgir de um diálogo entre os cientistas, portadores do conhecimento técnico, com o restante da população. Nessa discussão, a opinião do cientista importa. Mas não pode se sobrepor aos dados de suas pesquisas: “Os cientistas precisam oferecer à sociedade informações muito precisas e sem viés ideológico”, diz Lygia. Nesta entrevista a ÉPOCA, ela discute as possibilidades abertas pela Crispr e qual o papel do cientista diante de avanços com potencial de alterar como funcionam nossas sociedades.
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Categorias: Células-Tronco
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