Gravidez

Como se preparar para o final da gravidez e amamentação?

A Cordvida convidou a doutora Juliana Alzuguir, ginecologista obstetra há mais de 10 anos, para um bate-papo no nosso perfil do Instagram. Na live, são abordados temas importantes como a fase final da gravidez, os tipos de parto e o preparo para a amamentação.

A seguir, acompanhe os principais temas tratados durante a conversa. Se preferir, assista o vídeo completo da nossa live:

O que define a fase final da gravidez?

Dividimos a gravidez em três trimestres, e a fase final é o último. Aliás, quando falamos em gestação pensamos em 40 semanas, mas o bebê pode nascer antes desse tempo. Ou seja, já nas 28 inauguramos este período.

Também é a partir das 35 semanas que acontece um marco importante: a diferenciação pulmonar do bebê e ele está formadinho.  Em geral, é nesse período que a grávida começa a sentir o peso desse momento. Afinal, antes ela estava com mais energia e disposição.

No primeiro trimestre é normal ter mais sono e enjoos. Já no segundo é agitação e animação pela gestação. Por fim, no terceiro, começam muitos desafios.

Entre esses desafios da fase final da gravidez está o cansaço, principalmente pelo aumento do peso do bebê. Além disso, tem os edemas, calor e desconforto.

Dormir fica mais difícil e em alguns momentos pode haver queda de pressão e dificuldade em respirar. Também tem a digestão, que está mais lenta devido à musculatura relaxada. Então, é comum sentir-se mal e é necessário ter muita paciência.

Trabalhamos com o cansaço físico e mental. Assim, querendo resolver todas as situações em relação ao parto.

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É natural o cansaço neste período?

Com certeza, porque na fase final da gravidez temos mais um fator somado que é a ansiedade.

O que não é comum e devemos avisar ao médico na fase final da gravidez?

Há alguns sinais de alerta neste período. Por exemplo, no terceiro trimestre, entre 28 e 31 semanas, não deve haver contração. Nesse caso, é necessário procurar um médico.

Existem diferentes tipos de contrações. Uma delas é a Braxton Hicks, ou seja, as de treinamento. Assim, a fibra uterina faz contrações independentes e involuntárias. Geralmente não tem dor e passa rápido. Aliás, é comum a partir de 35 semanas. Caso aconteça antes desse tempo é importante falar com o obstetra.

Em relação a contração, é normal que as gestantes tenham medo de começar o trabalho de parto. Então, lembre-se que é preciso ter um ritmo para acontecer. Ou seja, se tiver um espaço enorme de tempo entre uma e outra, ainda não chegou o momento.

Já outro ponto de atenção é a ruptura da bolsa. Deve-se sempre procurar o médico, ainda mais se tiver uma saída de água considerável. Também fique atento se o líquido estiver escuro. O ideal é procurar o médico em contrações de trabalho de parto, sangramento ou saída do tampão mucoso

A saída do tampão mucoso gera muitas dúvidas. Em geral, ele é uma secreção que funciona como uma tampa e fica no colo do útero. Com o tempo da gravidez a cabeça do nenê fica apoiada nele. Assim, pode ocorrer a liberação. Vale lembrar que isso não significa trabalho de parto. Inclusive, tem pacientes que liberam com dois meses antes do parto.

Isso pode acontecer pela cabeça do bebê estar mais baixa e exercendo pressão. Logo, caso ocorra, avise o seu obstetra para analisar a situação. Quando o profissional é sinalizado já pode começar com as preparações necessárias.

Sintomas de pressão alta, desmaio, edemas grandes e dor de cabeça também são sinais que precisam de atenção. Ainda mais se acontecerem na fase final da gravidez. Eles devem ser verificados.

Como deve ser a alimentação nesta fase final da gravidez?

A dica de alimentação é buscar sempre comidas leves e refeições com menos quantidades de alimentos. Inclusive, o ideal é fazer vários lanches ao longo do dia.

Por exemplo, café da manhã, um lanche, depois o almoço, depois um novo lanche, e por fim, a janta. Em relação a ceia, eu acho duvidoso, devido a digestão. Porque na gravidez é comum casos de refluxo, por causa da musculatura relaxada.

Não faça refeições muito grandes, gordurosas e pesadas. Também não se deite após as refeições. Dessa maneira, tente jantar mais cedo e ficar um tempo sentada e com o tórax ereto. O ideal é dormir após 1h, 1h30 da alimentação.

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Como a gestante tem certeza que está entrando em trabalho de parto?

O principal sinal é o ritmo da contração, que acontece quando a barriga fica completamente dura. Ela deve durar de 60 a 90 segundos, e geralmente dói. Porém, é uma dor que começa leve e tende a aumentar.

A contração precisa ter ritmo e repetir de uma em uma hora. Inclusive, depois de umas quatro horas, é normal que diminua o intervalo para 35, 40 minutos. Também é importante que a bolsa tenha sido rompida.

Quando isso acontece o ideal é avisar seu obstetra. Porque ele vai sinalizar qual o momento certo da internação. Aliás, quem optar pelo parto normal deve ter um pouquinho mais de paciência.

Nesses casos, o normal é ir para o hospital quando as contrações estão com intervalo de 20, 30 minutos.

É mito ou verdade que se estourou a bolsa o bebê deve sair em meia hora?

Isso é uma coisa cultural e que vemos em novela, mas não é nada disso. Inclusive, o ideal é começar as contrações e a bolsa romper quando acontece a penetração da cabeça no colo do útero. Ou seja, pode demorar horas até o nascimento.

Pode acontecer de a bolsa romper fora de ordem, como em casos de gêmeos, por exemplo. Também pode ocorrer o rompimento e a paciente entrar em trabalho de parto horas depois. Aliás, o período de segurança é de 12 horas.

Caso a gestante não tenha nenhuma doença e o médico sabe a posição que o bebê está, é tranquilo. Então, pode permanecer em casa até começar a entrar em trabalho de parto naturalmente.

É comum que a paciente comece a sentir dores, porque está contraindo há muitas horas. Além disso, ao romper a bolsa, o útero tem mais espaço para as contrações e elas chegam com mais força.

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Qual a diferença entre parto normal e cesárea?

Há diferença entre os tipos de parto. Antigamente só realizavam parto normal, porque a cesariana precisava da aplicação da anestesia geral. Assim, a mãe não conseguia acompanhar o nascimento do próprio filho.

Com o advento das anestesias a situação mudou. Dessa forma, as mulheres em geral optam mais pela cesárea por medo de sentir dor. Mas isso é um mito do parto normal.

O parto normal tem um benefício enorme. Por exemplo, a paciente está ativa, participativa e pode escolher uma posição favorável. Além disso, não é uma cirurgia e é mais rápido. Inclusive, no parto normal até a descida do leite é mais rápida.

É interessante optar pela cesariana em casos de indicação médica. Afinal o parto normal oferece muitos benefícios. Então, o mais importante é acreditar naquilo que seu médico indicou.

A paciente tem o direito de escolher entre os tipos de parto. Mas, se houver uma recomendação médica, ela deve seguir. Inclusive, temos que ter cuidado com o profissional que buscamos.

Vale ressaltar que a cesariana tem uma anestesia tão boa que a paciente depois pode levantar da cama. Ou seja, não é mais como antigamente. Porém, por ser uma cirurgia, ainda tem um desconforto maior.

Já no parto normal o pós-operatório é mais tranquilo. Em geral, a diferença está nos dois primeiros dias. Dessa forma, pense sempre no que é melhor para a saúde do bebê.

A grávida deve questionar a experiência do médico com partos normais?

Vale a pena, mas acho que o mais importante é jogar limpo. Tem médicos que gostam de cesariana e avisam os pacientes. Então, cada um busca aquilo que acredita.

É essencial ter essa conversa franca. Inclusive, o pré-natal é o momento de esclarecer tudo. Aliás, a memória de um parto é muita séria para uma mulher. Logo, se tiver uma experiência ruim vai levar aquilo para toda vida.

Todos os obstetras querem que seja um momento incrível e ela saia muito feliz. Mas pode ter alguns imprevistos nesse processo. O importante é que a gente tente sempre realizar os desejos das mães e fazer com que seja uma experiência sublime.

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O que é a episio?

A episio é um pequeno corte, feito no períneo durante o parto com o objetivo de preservar a musculatura da área. Isso porque, em alguns processos, poderiam acontecer rompimentos do músculo ou dilacerações.

Então, abre-se um corte organizado que depois era fechado. Aliás, muitas vezes, a paciente nem sente. Com o passar do tempo, a gente começou a diminuir o tamanho desse corte, para sangrar menos, ter menos dor e um melhor pós-operatório

Vale ressaltar que atualmente só fazemos quando é preciso. Portanto, lembre-se que é um benefício para a mulher. Por exemplo, quando a cabeça vem de forma natural, a gente protege a paciente. Logo, se não precisar, não fazemos.

Qual a melhor forma de abordar os tipos de parto com o médico?

Na vida precisamos de transparência, ainda mais quando falamos de tipos de parto. Então, logo no começo do pré-natal, coloque seus sonhos e desejos para o médico.

Em geral, os profissionais pontuam muito bem isso inicialmente. Sendo assim, fale de coração como sente-se. Além disso, ninguém vai enganar o paciente, os profissionais buscam sempre o melhor.

Para ter um parto de seus sonhos busque um profissional que vai com você até o fim.

Tem alguma coisa que a grávida pode fazer para auxiliar o bebê a encaixar?

Há um monte de exercícios que podem ser feitos. Inclusive, você encontra gratuitamente na internet. Seja antes ou durante o trabalho de parto.

A verdade é que não temos nenhum estudo que indique exatamente o que tem que ser feito. Assim, a nossa orientação é que qualquer exercício que não coloque a paciente em risco é válido.

Essa é uma conversa importante para ter com seu médico no consultório. Mas não podemos garantir o benefício certo para as atividades. Na hora do parto tem algumas posições que podem ajudar a paciente e as utilizamos.

Qual sua opinião sobre armazenamento de células-tronco?

As pacientes têm muitas dúvidas sobre células-tronco. Em geral querem saber para que vão usar e qual a finalidade. Então, eu acho que é um tema que envolve muitas coisas novas e deve ser pensado com antecedência.

A decisão pela coleta até pode ser feita de última hora, no entanto, corre-se o risco de não dar tempo. Vale então conversar com o obstetra, conhecer empresas que fazem o serviço, ler sobre o assunto e tirar dúvidas.

Já sabemos quais são as aplicações hoje, como tratamento para as doenças sanguíneas como as leucemias por exemplo, mas ainda há muito a ser desenvolvido sobre o tema e pode ser que daqui alguns anos, as células-tronco do cordão umbilical tenham ainda mais aplicabilidades. Dessa forma, aproveite o tempo da gestação para sanar suas dúvidas sobre o assunto.

Inclusive, vale avisar o obstetra para não esquecer da coleta do cordão. Assim, não tem como dar errado.

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Quando a família deve começar a pensar nisso durante a gravidez?

No segundo trimestre a paciente já deve estar pensando nisso. Então, por volta das 15, 16 semanas. Assim, é o período que a paciente está mais disposta a entender e pesquisar. Aliás, ao meu ver, até umas 35 semanas essa decisão pode ser tomada.

A coleta de células-tronco do cordão umbilical é dolorosa?

Não dói nada. A coleta acontece depois do nascimento, quando o cordão umbilical é clampeado e cortado e a placenta retirada.

Portanto, não tem nada a ver com o bebê, nesse momento ele nem está mais nesse cenário.

O que acha do clampeamento tardio?

Em geral, o que acontecia antes é que depois de tirar o bebê já clampeávamos o cordão. Mas, para quem é leigo é difícil entender o que é isso, o campleamento é quando prendemos uma pinça de cada lado e cortamos o cordão. Depois, esperamos a placenta sair ou a retiramos. 

Alguns estudos apontaram que esperar um pouco para fazer o clampeamento traz benefícios. Por exemplo, você passa mais células-tronco e hematológicas para o bebê. Então, não tem nenhum problema.

Caso ocorra alguma intercorrência, como hemorragias, isso não pode acontecer. Entretanto, ainda é algo muito dividido, por ser discutível o real benefício e as consequências. Dessa maneira, o tempo ideal de espera é de um minuto.

O que as famílias devem considerar ao escolher um banco de armazenamento de células-tronco?

De modo geral, o mais importante é a seriedade da empresa. Portanto, conversar com o médico é uma boa. Porque eles conhecem as empresas, os profissionais e as tecnologias.

É um material genético, logo, tem muita coisa importante. Temos ética ao indicar uma empresa, é sério. Além disso, pense em quanto tempo de mercado, experiências, certificações e feedbacks.

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Como se preparar para a amamentação?

Quem busca como se preparar para a amamentação deve lembrar que o bico do peito vai sofrer atrito. Dessa forma, cremes podem ser usados na mama, mas não no bico, porque ele fica mais fino.

Uma coisa que pode ajudar também é expor-se ao sol no local, sem o sutiã. Em geral, 15 minutinhos todos os dias. Além disso, outra coisa legal é fazer um atrito leve no bico, para ir treinando a área, mas com cuidado.

Como deve ser a alimentação durante a amamentação?

Não tem nada que seja realmente proibido, mas tudo depende de cada bebê. A princípio pode tudo, porém, evite bebida alcoólica, porque passa pelo leite.

Alguns alimentos causam cólicas no bebê?

Causam sim, mas tem essa coisa observacional depois de comer algum alimento e amamentar. Ou seja, não é científico, é da experiência.

O que evitar que possa atrapalhar o leite?

A descida do leite é um processo fisiológico. De modo geral, a principal coisa para ajudar é a sucção do bebê. Logo, o estímulo da boca do bebê na área induz a secreção. Tem dicas que ajudam. Por exemplo, ingerir muito líquido, descansar, e alimentar-se bem.

Para que a gravidez e, principalmente, o momento do parto ocorram com tranquilidade, é necessário haver confiança entre o médico e a paciente. Procure um profissional que entenda as questões físicas e psicológicas pelas quais as mamães podem passar durante essa fase e não deixe de tirar todas as suas dúvidas. Os desafios da reta final da gestação podem ser muitos, mas a alegria da chegada do seu bebê é muito maior!

Categorias: Gravidez , Primeiro trimestre de gravidez

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    Dra. Juliana Torres Alzuguir Snel Corrêa

    Dra. Juliana Torres Alzuguir Snel Corrêa

    (CRM: 5279398-1)
    Residência Médica em Ultrassonografia Obstétrica e Geral;
    Ginecologia Infanto Puberal (criança e adolescente);
    Atua como ginecologista obstetra há 12 anos.

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