Gravidez

Eritroblastose fetal: entenda os efeitos da doença

Ao descobrir a gravidez, a mulher deve iniciar, o mais breve possível, o seu acompanhamento pré-natal. No primeiro contato com o obstetra, já é solicitada uma bateria de exames, a fim de se verificar tanto a saúde da mamãe quanto da gestação.

Dentre os exames solicitados pelo médico, um dos mais importantes é aquele que verifica o tipo sanguíneo da mulher, sendo que uma atenção especial é dada à gestante que possui sangue de fator Rh-.

Isso porque, quando uma mulher com sangue Rh- está gerando um bebê com sangue Rh+, pode ocorrer uma incompatibilidade sanguínea, causando uma doença chamada eritroblastose fetal, ocorrendo em geral, a partir da segunda gestação. Essa doença traz graves consequências para o bebê e para a gestante, podendo, inclusive, ser fatal.

Para deixar você mais informada sobre a doença, reunimos a seguir as principais informações sobre a eritroblastose fetal. Venha conferir!

O que é a eritroblastose fetal?

A eritroblastose fetal é uma anemia hemolítica — que pode ser fetal ou neonatal — causada por uma incompatibilidade entre o sangue da gestante e o sangue do feto.

Essa doença ocorre quando a mulher já teve um contato prévio, ou seja, anterior à gestação atual, com o sangue do tipo Rh+. Tal contato geralmente acontece em duas situações:

  • a mulher já teve uma gestação anterior e deu à luz a uma criança de sangue Rh+;
  • a mulher teve uma perda fetal com mais de 7 semanas de idade gestacional;
  • a mulher realizou procedimento invasivo, como amniocentese por exemplo, durante uma gravidez;
  • a mulher passou por uma transfusão sanguínea, na qual, acidentalmente, o sangue recebido era do tipo Rh+.

Dentre essas duas situações, o mais comum é que o contato prévio aconteça em uma gestação anterior. Dessa forma, a eritroblastose fetal acontece com maior frequência a partir da segunda gestação da mulher. Entretanto, ela também pode acontecer na primeira gravidez.

A doença também recebe o nome de doença hemolítica por incompatibilidade de Rh, doença de Rhesus e doença hemolítica do recém-nascido.

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O que acontece com o bebê na eritroblastose fetal?

As hemácias — células transportadoras de oxigênio — do sangue positivo possuem em sua superfície proteínas chamadas de Rh, as quais, por sua vez, não estão presentes nas hemácias do sangue negativo. Por causa disso, essas proteínas atuam como antígenos — corpos estranhos — para o sangue Rh-.

Dessa forma, quando esses dois tipos sanguíneos entram em contato, o sangue Rh- forma anticorpos contra os antígenos das hemácias do sangue Rh+. No próximo contato entre esses dois sangues diferentes, os anticorpos formados atacam as hemácias do sangue positivo, destruindo-as.

Na eritroblastose fetal, os anticorpos gerados pelo sangue negativo da mãe ultrapassam a barreira da placenta, penetram na circulação sanguínea do bebê, causando uma hemólise, ou seja, uma destruição em massa das suas células hemácias positivas.

Essa hemólise provoca uma anemia profunda no bebê, fazendo com que a sua medula óssea — grande responsável pela produção das células do sangue — gere uma liberação de hemácias jovens ou imaturas na corrente sanguínea. Tais hemácias são chamadas de eritroblastos — daí a origem do nome da doença.

Quais são as consequências da eritroblastose fetal?

Após o nascimento, a criança pode ter icterícia devido ao acúmulo de bilirrubina — pigmento amarelo produzido pelo consumo da hemoglobina, substância liberada na destruição das hemácias — nos tecidos. Esse acúmulo faz com que o bebê fique com um aspecto amarelado em sua pele.

A eritroblastose fetal pode ter consequências graves para o bebê, provocando uma incapacidade dos seus órgãos, a exemplo de danos cerebrais, insuficiência cardíaca ou insuficiência hepática.

A bilirrubina pode se acumular no cérebro do bebê, causando surdez ou, até mesmo, problemas mentais. Além disso, a doença pode provocar um aborto espontâneo, hidropsia fetal e, em casos mais graves, óbito fetal.

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Existe uma maneira de evitar que a doença aconteça?

Durante o pré-natal, o obstetra solicita exames de sangue para avaliar o tipo sanguíneo da mãe e um teste sorológico para verificar a presença de anticorpos anti-Rh em seu sangue. Logo após verificar que a gestante possui sangue Rh-, o obstetra solicita exames para avaliar o tipo sanguíneo do pai.

Caso ele possua Rh+, o médico indicará que a gestante faça uma aplicação intramuscular de um antissoro anti-Rh, chamado de imunoglobulina anti-Rh ou imunoglobulina anti-D. Esse soro impede a produção de novos anticorpos pela mãe, sendo que a sua aplicação deve ser feita por um profissional habilitado entre a 28ª e a 30ª semana de gestação (alguns serviços de obstetrícia não fazem mais esta aplicação, somente no nascimento).

Quando a aplicação não é realizada durante a gravidez e o bebê nasce com o tipo sanguíneo Rh+, deve ser feita uma injeção do soro em até três dias após o parto, evitando a formação de anticorpos que poderão ser prejudiciais na próxima gestação.

Qual é o tratamento da eritroblastose fetal?

Se estiver ocorrendo a eritroblastose fetal, o obstetra faz uma transfusão sanguínea intrauterina periódica no feto até que seja possível a antecipação do parto.

Quando os pulmões do bebê adquirem uma maturidade — geralmente a partir da 34ª semana de gestação — é realizado o parto, dependendo das condições clínicas de ambos: mãe e filho.

Quando a formação de anticorpos pela mãe não é grande, o bebê pode apresentar problemas após o nascimento. Nesses casos, troca-se todo o sangue do recém-nascido por um sangue com fator Rh-, a fim de se evitar novas hemólises das suas hemácias, além de consequências mais graves para o bebê.

Pouco a pouco, a medula óssea do bebê vai produzindo sangue positivo novamente, fazendo com que o sangue negativo que foi transfundido seja lentamente substituído. Entretanto, esse é o tempo necessário para a eliminação total dos anticorpos maternos presentes no corpo do recém-nascido.

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Quais são os sintomas da doença?

Normalmente, os sintomas de eritroblastose fetal só podem ser notados após o nascimento, como a icterícia, a presença de anemia ou o inchaço generalizado do bebê.

Portanto, é fundamental que a gestante faça um acompanhamento pré-natal, com a realização periódica de exames de sangue e, caso seja necessário e indicado pelo obstetra, uma prevenção contra a doença.

Após a leitura do nosso artigo, ficou claro que a eritroblastose fetal é uma doença grave, certo? Por isso, é indispensável que você faça todos os exames solicitados pelo seu obstetra e não falte a nenhuma consulta do seu pré-natal! Assim, você garante a segurança da sua gravidez.

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Categorias: Gravidez , Saúde na gravidez

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    Dra. Juliana Torres Alzuguir Snel Corrêa

    Dra. Juliana Torres Alzuguir Snel Corrêa

    (CRM: 5279398-1)
    Residência Médica em Ultrassonografia Obstétrica e Geral;
    Ginecologia Infanto Puberal (criança e adolescente);
    Atua como ginecologista obstetra há 12 anos.

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