A gravidez tardia foi tema da live com Dra. Ana Lúcia Beltrame, que é ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana. Também esteve presente Roberto Waddington, CEO da CordVida.
Neste artigo acompanhe um resumo das questões levantadas no encontro e as respostas da Dra. Ana Lúcia Beltrame. Assim, aprenda mais sobre o assunto e aproveite para sanar todas as suas dúvidas.
O que é gravidez tardia?
Inicialmente é preciso entender que com o passar do tempo, a idade materna na gravidez aumentou. Isso porque as mulheres agora também objetivam outras necessidades. Por exemplo, o sucesso profissional.
A mulher nasce com uma quantia de óvulos para utilizar ao longo de toda a vida. Ou seja, conforme a idade avança, menores são as chances de engravidar. Além disso, a qualidade deles diminui com o tempo.
Sendo assim, a gravidez tardia é quando a mulher chega nesta etapa da vida. Logo, as chances são menores e a gestação pode apresentar mais riscos. Também é possível que ela nem consiga engravidar.
Há mulheres que acreditam que isso não seja um impeditivo. Afinal, podem usar outros métodos como fertilização in vitro. Mas, a partir de determinada idade não há como garantir que o processo funcione.
A queda reprodutiva é linear?
Devemos pensar que para a gravidez tardia acontecer deve haver dois fatores. Em resumo, um quantitativo, os números dos óvulos, e um qualitativo, relacionado a sua funcionalidade. Portanto, quanto maior a idade, menos eficientes são.
Podemos dizer que neste caso é quase que exponencial. Isso porque, conforme os anos passam, perdemos quantia e qualidade de óvulos. Aliás, a partir dos 30 os efeitos são mais evidentes.
Atualmente há o recurso de criopreservação dos óvulos. Ou seja, o congelamento deles para que aconteça a fertilização posteriormente. Assim, a qualidade deles será a mesma da idade em que foram retirados.
Suponha que uma mulher faça a coleta aos 33 e queira engravidar aos 43. Desta forma, terá as chances de quando era dez anos mais nova. Sendo assim, é mais fácil que obtenha sucesso.
Há uma idade ideal para armazenar os óvulos?
Se não deseja correr o risco de uma gravidez tardia o ideal é armazenar os óvulos por volta dos 25. Porém, na maioria dos casos, as mulheres procuram os profissionais já com 36, 38 anos. Então, não é que não seja efetivo, mas as chances são menores.
O ideal é que a idade sempre fosse abaixo dos 30. Entretanto, é comum que neste novo modelo de vida, as mulheres nem estejam pensando nisso. Assim, demoram mais para procurar este método.
Quais são as chances da fertilização em mulheres mais velhas?
Infelizmente em casos de gravidez tardia não há como ter garantia. A incerteza ocorre pela limitação dos próprios gametas e do método. Em resumo, não é que a mulher não possa engravidar com fertilização in vitro aos 40, mas a chances são de 15% ou 20%.
Se tratarmos uma mulher com 35 anos, as chances estão em torno dos 40%. Portanto, quanto mais nova, maiores são as possibilidades de a gestação acontecer. Inclusive, mesmo sendo um processo sofisticado, depende da qualidade dos óvulos.
Pode ser que a qualidade dos óvulos não seja o suficiente para gerar um embrião. Sendo assim, é preciso realizar a ovodoação. Ou seja, é um método de reprodução assistida.
Neste processo, são usados óvulos de mulheres mais jovens, em média abaixo dos 30 anos. Então, a fertilização utiliza dos espermatozóides do marido e forma-se o embrião. Por fim, ele é colocado no útero da receptora.
Mulheres aos 40 anos podem ter problemas de reprodução, mesmo induzindo a ovulação?
Podem enfrentar problemas de gravidez tardia sim. Isso porque devemos primeiramente lembrar que um óvulo não corresponde a um bebê. Afinal, nem sempre ele será um embrião que poderá originar uma criança.
Ao optar por este processo é importante ter uma boa quantia de óvulos bons. Desta forma há a possibilidade de realizar testes para definir quais são os melhores. Sendo assim, ao encontrar um embrião cromossomicamente normal, as chances de gravidez são maiores.
Gravidez aos 35 ou 40 anos é considerada de risco?
Nestes casos, além de tratar de uma gravidez tardia há casos que podem ser de risco. De maneira geral, pressupõe que mulheres mais velhas estejam predispostas a pressão alta e diabetes. Além disso, há o risco de crescimento intrauterino e alterações placentárias.
É essencial que seja avaliado nestes casos a qualidade de vida da paciente. Por exemplo, é possível que uma mulher de 36 seja mais saudável que uma de 26. Porém, veja como é a alimentação, sono, prática de atividade física, genética e afins.
Quando tratamos de mulheres mais velhas o pré-natal é ainda mais importante. Isso porque ele consegue prevenir possíveis complicações. Assim, permitindo que a paciente tenha uma gestação mais segura.
O que uma mulher de 40 anos deve fazer ao decidir engravidar?
O primeiro passo para uma gravidez tardia saudável é realizar os exames para avaliar se é possível. Ou seja, se o corpo está preparado para receber uma gestação ou não. Afinal, podem acontecer casos que não será possível nenhuma tentativa.
Antes mesmo da avaliação é importante que mantenha e cultive hábitos saudáveis. Por exemplo, cuide da sua alimentação, do sono, da prática de atividade física. Também garanta que não possui nenhuma doença ou problema de saúde.
Um dos pontos que mais pode atrapalhar uma gravidez é a obesidade. Portanto, é um dos fatores que mais deve se preocupar e tomar cuidado. Assim, mantenha-se no peso correto para sua altura e idade.
Já no primeiro desejo de engravidar procure seu ginecologista e comente sobre isso. Desta forma ele fará a indicação de todos os exames necessários. Além disso, acompanhará seu quadro para ver se está apta.
Obesidade na gravidez faz mal? Ou são os exageros?
É exatamente isso. Em resumo, não buscamos uma definição do corpo, mas sim qualidade de vida. Aliás, é cientificamente comprovado que nosso metabolismo é pré-determinado na barriga da mãe. Ou seja, tente ser o mais saudável possível.
Durante a gravidez tardia o cuidado com a alimentação não deve ser apenas por você. Mas sim pela saúde do bebê que está sendo formado. Então, manter a qualidade de vida é sempre o melhor caminho.
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Como funciona o processo de reprodução assistida?
O processo de fertilização assistida acontece em duas etapas. A princípio, a estimulação da ovulação, para que os óvulos sejam pegos. Em seguida, a transferência dos embriões.
Na estimulação da ovulação são utilizados medicamentos para que todos os óvulos cresçam. Desta forma, ao invés de serem expelidos, eles serão aproveitados para as próximas etapas.
Durante o uso dos estimulantes a mulher será acompanhada. Assim, é possível verificar o crescimento dos óvulos, para que sejam colhidos no melhor momento. Em geral acontece 12 dias depois da menstruação.
Para que sejam pegos os embriões a mulher é sedada e por meio de um ultrassom transvaginal os óvulos são aspirados. Então, no mesmo dia, acontece a fertilização in vitro.
Em seguida, o embrião ficará em meio de cultura por até seis dias, para depois serem congelados ou transferidos. Inclusive, ultimamente é comum que sejam transferidos após dez dias da menstruação.
Por fim, o processo de estimular, coletar e fazer a transferência leva aproximadamente 40 dias. Portanto, é necessário haver uma preparação de tempo para que tudo possa ser feito adequadamente.
Quantos embriões são formados a cada tentativa para engravidar?
Seja tratando de uma gravidez tardia ou não, o número de óvulos de cada paciente varia. Afinal, depende da idade, do estilo de vida, da carga genética, entre outros aspectos.
Uma mulher com menos de 30 anos em média possui mais que quinze óvulos. Já se for estimulada uma de 35 é possível que seja entre oito e dez. Por fim, se for aos 40 pode cair para cinco ou menos.
Ao longo do tempo a nossa quantidade de óvulos diminui. Então, para avaliar a reserva ovariana é preciso analisar seu estado atual. Em suma, dois exames são aplicados neste momento.
Um deles é o hormônio antimulleriano, que é um exame de sangue e ultrassom, feitos na mulher menstruada. Assim, é possível avaliar a quantia de folículos de cada ovário. Desta forma, saberá se possui uma boa reserva ovariana.
Outra coisa variante é a quantia de óvulos necessários para obter um embrião. Certamente é preciso considerar a idade e qualidade de vida. Por exemplo, uma mulher com 35 deve precisar de pelo menos oito para que tenha um bom.
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O que muda no pré-natal de uma mulher com 40 anos?
Se durante a gravidez tardia o embrião for biopsiado (passou por um processo de fertilização in vitro) sabe-se que ele é cromossomicamente normal. Então, os riscos são os mesmos de uma mulher com menos de 35 anos.
Caso a mulher não tenha biopsiado o embrião e a gravidez seja espontânea, o risco dela não evoluir é maior. Porque acontece a perda gestacional. Inclusive, um a cada cinco mulheres nessas condições passam por isso.
Quanto maior a idade, mais chances de ter alterações cromossômicas. Porém, ressalto que ainda é mais provável que o bebê seja normal do que possua qualquer tipo de problema.
Em pacientes nesse quadro fazemos uma triagem no primeiro semestre mais fina. Por exemplo, é realizado um exame chamado NIPT, para rastrear mulheres que tem chances de gerar bebês com alterações cromossômicas.
Saber se há chances de ter um bebê com alteração cromossômica evita gravidez de risco. Também é indicado que façam o risco de pré-eclâmpsia, para verificar a possibilidade de pressão alta durante a gestação.
Ao identificar uma paciente do grupo de risco, pode ser usado o ácido acetilsalicílico. Desta forma, até a sexta semana é possível evitar e prevenir a pré-eclâmpsia no período gestacional.
Hoje em dia a medicina preventiva está mais avançada?
A medicina fetal está evoluindo muito. Aliás, a maioria das minhas pacientes são de gravidez tardia e avaliar o risco da pré-eclâmpsia revolucionou a obstetrícia. Isso porque evita a pressão alta e hemorragia.
Esses dois aspectos podem levar a um parto prematuro. Assim, é possível que o bebê tenha imaturidade pulmonar e cerebral, colocando em risco sua vida. Mas com os avanços as chances disso acontecer são mínimas.
Gravidez tardia tem o risco aumentado para pré-eclâmpsia?
Em geral a gravidez tardia têm risco aumentado de pré-eclâmpsia, pressão alta e diabetes gestacional. Desta forma, tem como consequências, a restrição de crescimento e alterações placentárias.
O que acha do armazenamento de células-tronco?
Eu trabalho com reprodução assistida e adoro a tecnologia. Inclusive, falo para minhas pacientes que armazenamento de células-tronco não é algo experimental, mas sim comprovado cientificamente. Aliás, é uma evolução que veio a acrescentar na medicina reprodutiva.
Apesar de vocês tratarem do pós-natal acredito que tem uma identidade grande com a medicina reprodutiva. Além disso, acredito que em dez anos teremos muitos ganhos da ciência com ela. Por exemplo, conhecer doenças antes desconhecidas.
Como escolher uma empresa para reprodução assistida ou para o armazenamento de células-tronco?
Seja para reprodução assistida ou armazenamento de células-tronco devemos analisar a empresa. Então, para garantir a segurança de sua gravidez tardia é importante analisar a credibilidade do local.
Não deixe de verificar também se os profissionais possuem experiência e conhecimento suficiente. Desta forma, com a indicação médica e as análises feitas, saberá qual o melhor local.
Uma mulher com mais de 40 anos pode ter o segundo filho?
Neste caso de gravidez tardia pode acontecer a infertilidade secundária. Ou seja, quando o casal não consegue ter o segundo filho. Então, independentemente da idade que tiveram o primeiro, o próximo pode ser mais difícil nesta fase da vida.
Qualquer mulher pode coletar e congelar óvulos?
Toda mulher pode coletar e congelar óvulos. Porém, antes é necessária uma avaliação clínica para verificar se há contraindicações. Mas vale ressaltar que o procedimento não é apenas para quem deseja engravidar posteriormente. Também é indicado a mulheres com câncer.
Em casos de pacientes com câncer, após tratadas, elas conseguem dar sequência ao sonho da maternidade. Inclusive, mesmo que tenham passado por problemas de infertilidade devido o tratamento.
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Tem data limite para engravidar?
Segundo o Conselho Federal de Medicina, há uma data limite para gravidez tardia. Por exemplo, na prática da medicina reprodutiva as limitações vão até os 50 anos. Porém, é possível recorrer ao conselho em casos especiais.
Na gravidez tardia há mais chances de prematuridade?
Estatisticamente é mais comum a prematuridade em casos de gravidez tardia. Mas se a mulher está bem e houve o acompanhamento médico correto, possivelmente o bebê não será afetado. Portanto, lembre-se de fazer um bom pré-natal.
Categorias: Gravidez , Saúde na gravidez
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