O aleitamento materno é um dos assuntos mais abordados em ações de proteção e promoção da infância ao redor de todo o mundo. Existe uma preocupação dos estados e das organizações em relação ao ato de amamentar pelo simples fato de ele ser a intervenção mais econômica e eficaz para a redução da mortalidade infantil. Tal ato não só promove a saúde pública como também o ambiente familiar.
E engana-se quem acredita que a amamentação é importante apenas durante os primeiros meses de vida do bebê. O prolongamento do período de amamentação traz vantagens para a saúde do bebê e falaremos um pouco sobre todos esses benefícios, desde o nascimento até dois anos ou mais. Confira!
O desenvolvimento da criança
O período após o parto até os seis primeiros meses de vida são essenciais para a recuperação física e emocional da mulher e para o desenvolvimento da criança. E é nessa hora a amamentação se faz mais importante.
Benefícios para o bebê
A correta nutrição do bebê está diretamente relacionada ao seu desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. A recomendação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde do Brasil é realizar o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
Algumas mães acreditam que o colostro (leite dos primeiros dias pós-parto) não é suficiente ou é fraco, mas não é verdade: ele tem alto teor de proteínas, além dos anticorpos maternos, sendo fundamental nos primeiros dias, em especial para bebês prematuros.
A inserção de alimentos complementares antes dos seis meses pode causar prejuízos à saúde da criança, uma vez que pode causar aumento nos episódios de diarreia, risco de desnutrição, menor absorção de nutrientes, dentre outros. Por isso, a inserção de alimentos deve ser sempre orientada pelo pediatra da criança que respeitará as necessidades individuais de cada criança.
A amamentação exclusiva é responsável por dar ao bebê todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento até os seis meses, ajudando inclusive nos sistemas imunológico, neurológico e digestório. Após os seis meses, o leite materno é complementado com outros alimentos, gradualmente inseridos na dieta da criança, até que ela esteja apta a participar da dinâmica alimentar da família.
Principalmente nos primeiros meses, pesquisas indicam como benefícios da amamentação:
- Evita mortes infantis, principalmente de crianças de até 2 meses;
- Evita diarreia ou diminui a gravidade do quadro quando ocorre;
- Evita infecção respiratória e otites ou diminui a gravidade das doenças quando ocorrem;
- Diminui o risco de alergias, como intolerância a leite de vaca, dermatite atópica, asma, etc;
- Diminui o risco de hipertensão, diabetes e colesterol alto;
- Diminui o risco de obesidade;
- Colabora para melhor nutrição do bebê;
- Provoca um efeito positivo na inteligência: crianças amamentadas têm um coeficiente intelectual e um desempenho mais elevados;
- Melhor desenvolvimento da cavidade bucal: o ato de sugar contribui para a formação da arcada dentária e alinhamento dos dentes. O uso de chupetas e mamadeiras diminui o espaço reservado para passagem de ar e pode prejudicar a respiração nasal.
Benefícios para a mulher
Os benefícios da amamentação para a mulher são sentidos imediatamente. Amamentar o bebê logo após o parto faz diminuir o sangramento da mãe — prevenindo a anemia — e faz o útero voltar ao tamanho normal mais rapidamente. Isso porque, com o ato, a mulher além de produzir prolactina (substância que estimula a produção de leite) produz também a ocitocina (libera o leite e faz o útero contrair).
Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha por pesquisadores da World Cancer Research Fund, concluiu que os riscos de a mulher contrair câncer de mama diminuem em quase 5% se ela amamenta seus filhos por pelo menos um ano. Isso porque o ato de amamentar diminui os níveis no sangue de alguns hormônios relacionados à doença, e também porque, após o período de aleitamento, o corpo elimina as células com possível DNA danificado na região dos seios.
Além de diminuir o risco de câncer de mama, a amamentação pode colaborar como método anticoncepcional nos primeiros 6 meses após o parto, caso a mãe esteja amamentando exclusivamente ou predominantemente e ainda não tenha menstruado. Isso ocorre porque a ovulação nesse período está relacionada ao número de mamadas.
Por fim, também é comprovado que a mulher que amamenta é menos propensa a contrair diabetes. Conforme as pesquisas, há redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação, devido à melhora na homeostase da glicose nessas mulheres.
A importância da relação afetiva familiar
Essencial não só para a saúde do bebê, o ato de amamentar é o momento em que mais se estabelece o vínculo de afeto e de proteção entre a mãe e a criança, contribuindo para a construção da relação da família. É um momento em que ambas devem se sentir confortáveis.
A presença do companheiro, inclusive no momento da amamentação, contribui para o fortalecimento dos laços afetivos com a criança e com a esposa, que, ao se sentir amparada, se enxerga como parte de uma equipe. Considerando que a amamentação é um grande esforço físico e emocional da mulher, esse suporte e incentivo são responsáveis pelo possível prolongamento da amamentação, e esse fato apresenta algumas vantagens diretas para a criança.
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Os benefícios da amamentação prolongada
Vista com muito preconceito por considerável parte da população (inclusive profissionais de saúde), a amamentação prolongada é um importante mecanismo de proteção à saúde da criança. Incentivada em posteriores campanhas nacionais de amamentação, muitos profissionais desencorajam as mães a amamentarem seus filhos após 2 anos de idade, porém, ainda se trata de uma questão discutível.
Nas palavras da pediatra Elsa Giugliani (professora titular de pediatria da Faculdade de Medicina da UFRS e especialista em aleitamento materno pelo IBLCE – International Board of Lactation Consultant Examiners), “a amamentação deve ser exclusiva até os 6 meses de idade e mantida até os 2 anos ou mais. Não existe embasamento científico para se dizer o contrário, isso só mostra uma visão ultrapassada sobre o assunto”. O desmame da criança deve ser natural e voluntário tanto para ela quanto para a mãe. Desde que se sintam confortáveis com a amamentação, não há motivo para impedir o ato.
A Organização Mundial de Saúde divulgou estudos que comprovam que crianças que não eram amamentadas no segundo ano de vida tinham duas vezes mais chances de morrer por doença infecciosa, se comparadas às crianças amamentadas no mesmo período. Isso porque o leite materno se mantém como importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, sendo que a ingestão de 500ml por dia oferece vitaminas C (95% do valor diário necessário) e A (45%), proteína (38%) e energia (31%).
Além desses benefícios, todos aqueles citados anteriormente permanecem na amamentação prolongada. Lembre-se de que o aleitamento materno deve ser realizado de forma correta para não prejudicar a mãe nem a criança.
Em sua experiência, você percebeu outros benefícios da amamentação que não foram citados aqui? Conte pra gente!
Categorias: Criança
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