Você conhece alguém que tenha engravidado durante a gravidez? Já ouviu falar de bebês gêmeos que nasceram com idades gestacionais diferentes? Ou de mulheres que tiveram dois partos com apenas algumas semanas de diferença?
É bem provável que tudo isso pareça impossível e você nunca tenha ouvido qualquer relato semelhante. Mas a verdade é que isso já aconteceu algumas vezes durante a história da humanidade devido a um fenômeno chamado de superfetação.
Quer entender mais sobre a superfetação e descobrir o que faz com que uma mulher tenha uma nova ovulação durante a gravidez? É só continuar lendo o nosso post!
O que é superfetação?
Superfetação é o nome dado ao fenômeno no qual há uma gestação de dois (ou mais) fetos se desenvolvendo ao mesmo tempo, mas em estágios de desenvolvimento diferentes.
A superfetação é rara?
Extremamente rara! Em toda a literatura médica, só são encontrados 10 relatos de caso de superfetação comprovadas por avaliação médica após o nascimento ou, nos casos mais recentes, por avaliação ultrassonográfica no início da gestação.
Embora todos os médicos e cientistas concordem que a superfetação é rara em humanos, muita gente acredita que este número de 10 casos está abaixo da realidade devido à falta de acesso das gestantes pelo mundo à exames de imagem no início da gravidez. Ou seja, muitos gêmeos dizigóticos que nascem por aí na verdade seriam casos de superfetação não notificados.
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Apesar disso, outras pessoas acreditam justamente no contrário: que desses 10 relatos, só se pode considerar um fenômeno de superfetação real aqueles que foram comprovados pelo ultrassom e por outros exames de sangue ou imagem após o nascimento dos bebês. Uma mera avaliação do tamanho e do peso dos bebês não seria suficiente para comprovar que a idade gestacional era diferente, considerando que em muitas gravidezes gemelares há um desequilíbrio no desenvolvimento fetal durante a gravidez.
Mas qual a chance da superfetação ocorrer?
Considerando que, dentre os bilhões de gestações que ocorreram em todo o mundo nos últimos séculos, existem apenas 10 relatos de superfetação, a chance desse fenômeno ocorrer é bem próxima de zero.
Por que esse evento é tão raro?
Porque a forma como o corpo humano funciona e se reproduz possui diversos mecanismos que impedem a superfetação.
Do ponto de vista biológico, o corpo da mulher deve concentrar sua energia em gerar um único feto saudável e garantir seu nascimento e crescimento. Assim, o objetivo não é engravidar centenas de vezes e torcer para que os bebês mais fortes consigam sobreviver até idade adulta, mas ter uma única criança por vez para que toda a família possa garantir a sua sobrevivência.
Apesar dessa lógica parecer óbvia, nem todas as espécies na natureza seguem esse princípio. A superfetação já foi observada, por exemplo, em texugos, panteras, búfalos, lebres e cangurus mas parece estar presente em diversos outros animais.
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Quais mecanismos impedem a superfetação na mulher?
Uma vez que a fecundação ocorre, o corpo da mulher inicia uma produção hormonal típica da gestação, com grandes quantidades de progesterona, estrogênio e gonadotrofina coriônica humana sendo liberadas pelo ovário.
Essa alta carga hormonal, inibe o eixo ovulatório controlado pelos hormônios folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH), impedindo a ovulação por um processo chamado de biofeedback negativo. Sem FSH e sem LH, não tem como a ovulação ocorrer e a mulher fica sem menstruar durante toda a gravidez.
Para proteger o feto do meio exterior, o colo do útero produz um tampão mucoso que impede a passagem de microorganismos, sujeira ou espermatozoides. Assim, mesmo após a relação sexual, os espermatozoides do sêmen não conseguem alcançar o útero ou as tubas uterinas durante a gravidez, o que impediria a fecundação de um segundo óvulo.
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Além disso, as alterações hormonais da gravidez, também fazem com que o endométrio, a camada mais interna do útero, fique diferente e dificulte a implantação de um novo embrião. Como o espaço livre dentro do útero também fica menor, a chance de uma nova implantação ocorrer se reduz ainda mais. Tudo isso faz com que, mesmo que a ovulação e a fecundação ocorram, a nova gravidez não progrida.
Como a superfetação ocorreria em humanos?
Basicamente, todos os processos que impedem a ovulação, a fecundação e a implantação de um segundo feto, devem falhar ao mesmo tempo para que a superfetação ocorra, o que explica porque esse evento é extremamente raro.
Mulheres que apresentam anomalias na anatomia uterina, como dois úteros (útero didelfo), no entanto, teriam uma chance maior de terem uma gravidez com superfetação, já que a má comunicação entre as duas partes do útero faria com que eles se comportassem de forma independente.
Alterações artificiais no ciclo hormonal feitas durante tratamentos de infertilidade e reprodução assistida, também parecem aumentar a chance do fenômeno ocorrer, embora mesmo assim a chance seja extremamente pequena.
Mas qual a diferença de idade gestacional entre os dois bebês?
Nos casos relatados, a diferença no desenvolvimento dos bebês em superfetação não era muito grande, variando entre 2 semanas a 2 meses.
Acredita-se que, mesmo se uma nova ovulação e fecundação ocorrer no segundo ou terceiro trimestre de uma gestação, não é possível que esse segundo embrião continue o seu desenvolvimento devido à falta de espaço para implantação, já que o bebê, a bolsa amniótica, a placenta e o cordão umbilical ocupam todo o espaço uterino.
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Quais os riscos da superfetação?
Como o espaço dentro do útero é limitado, a chance de uma segunda gestação se implantar nas tubas, no colo uterino ou mesmo na cavidade abdominal é maior, caracterizando uma gravidez ectópica que não irá conseguir progredir até o parto.
Se a implantação ocorre corretamente e a gravidez segue o seu curso habitual, o maior risco é a prematuridade de um dos bebês, já que uma vez que a mulher entra em trabalho de parto, não é possível impedir o parto do segundo bebê. A solução, muitas vezes, é realizar uma cesariana eletiva marcada para uma época em que os dois bebês já estão suficientemente desenvolvidos e preparados para o nascimento, mesmo que o bebê mais prematuro tenha que receber cuidados especiais.
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O que fazer para evitar uma ovulação durante a gravidez?
Como a ovulação durante a gravidez é um evento acidental e extremamente raro, não é necessário que a mulher fique ansiosa com essa possibilidade ou faça qualquer tipo de medida preventiva.
Caso a ovulação extra resulte em um segundo embrião, a gestação irá cursar como qualquer outra gravidez gemelar, mas deverá ter um planejamento extra no momento do parto.
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Categorias: Curiosidades da gravidez
Tags: bebê engravidar Gestação gravidez ovulação superfetação,
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