Ao longo de toda a gestação o bebê se desenvolve protegido pelo corpo da mãe, retirando do organismo materno os nutrientes para se formar, crescer e se preparar para o nascimento. O cordão umbilical é um elo marcante e muito simbólico dessa ligação entre mãe e filho, e é comum ouvir que tudo que o bebê precisa passa por esse canal. Será que até mesmo o oxigênio chega ao pequeno por esse caminho? Você já se perguntou como é a respiração do bebê dentro do útero?
É sobre isso que vamos falar neste artigo. Mais do que uma curiosidade, saber como o seu filho respira enquanto está dentro da sua barriga vai lhe tranquilizar sobre muitas situações e ajudar a entender como o bebê aprende a respirar após o parto.
Confira!
Como é a respiração do bebê dentro do útero?
Os pulmões são os últimos órgãos a se tornarem maduros e autossuficientes para a vida extrauterina. Eles vão funcionar somente após o nascimento, quando o bebê tiver seu primeiro contato com o oxigênio do ambiente externo. Dentro do útero não há oxigênio e os pulmões são como esponjas secas e duras.
Então, você deve estar se perguntando: como o oxigênio chega até o bebê? Respondemos: por meio da placenta.
Esse órgão vascularizado é formado logo no início da gestação, unindo o feto às paredes do útero, sendo responsável por levar nutrientes e o oxigênio e descartar dióxido de carbono e resíduos nitrogenados produzidos pelo organismo do bebê. A placenta exerce, ao mesmo tempo, a função de pulmão e intestino do pequeno.
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Durante a gestação o sangue oxigenado não vai direto para os pulmões, como ocorre fora do útero, já que eles ainda não exercem a função de respirar como conhecemos. A circulação sanguínea fetal é feita apenas pelo coração, embora o sangue passe pelos pulmões e eles também recebam a quantidade de oxigênio necessária para se desenvolverem, como os demais órgãos.
Após passar pelos pulmões o sangue é jogado para fora do organismo do bebê, de volta para o corpo materno. As trocas gasosas são feitas pelos capilares presentes no cordão umbilical — eles filtram o oxigênio do sangue da mãe, enviando o necessário para o bebê e filtra o dióxido de carbono do sangue do bebê e envia para a corrente sanguínea materna.
Como é o desenvolvimento dos pulmões do bebê?
Boa parte das vias aéreas e dos alvéolos já está desenvolvida na 25ª semana da gestação, ainda assim, os pulmões não recebem ar. Apenas o líquido amniótico no qual o bebê está inserido entra e sai deles, em um exercício de treinamento para a respiração fora do útero. Assim, o bebê passa toda a gravidez com líquido nos pulmões.
No final da gestação, durante a preparação para o parto, o bebê faz pequenos movimentos respiratórios. Esse processo ajuda a eliminar o excesso de líquido amniótico das estruturas pulmonares, a fim de facilitar a respiração logo após o parto, quando os pulmões vão de fato funcionar pela primeira vez.
Para evitar um colapso pulmonar, o organismo produz surfactante, uma substância que também atua no amadurecimento dos pulmões, para que eles sejam capazes de fazer sozinhos as trocas gasosas, logo após o nascimento.
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Qual a importância do surfactante para a respiração do bebê?
O surfactante pulmonar é um líquido que começa a ser produzido por volta da semana 28ª da gestação, tendo como principais funções:
- manter a elasticidade dos alvéolos (sacos por onde passam o ar durante as trocas gasosas) para facilitar a expansão pulmonar quando da entrada de oxigênio;
- reduzir a força necessária para que o pulmão se expanda;
- estabilizar o tamanho dos alvéolos pulmonares.
Os bebês prematuros — nascidos antes de 37 semanas — ainda não produziram surfactante suficiente para conseguirem respirar bem sozinhos, por isso, precisam de cuidados especiais logo após o nascimento. Quanto mais prematuro, menor o amadurecimento pulmonar e maiores os riscos de terem complicações respiratórias.
A baixa produção de surfactante pode causar a síndrome do desconforto respiratório infantil — também conhecida como síndrome da angústia respiratória ou síndrome hialina — uma condição grave que, se não tratada adequadamente, pode ser fatal. Crianças com essa síndrome têm dificuldades para respirar, respiração rápida, lábios e dedos azulados, devido à falta de oxigenação adequada, e chiado ao respirar.
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Como evitar a síndrome do desconforto respiratório infantil?
Quando a gestante apresenta sinais de risco de parto prematuro ou há alguma condição de saúde da mãe ou do bebê que indique a necessidade de adiantar o parto — como nos casos de pré-eclâmpsia ou problemas na placenta que restrinja o fornecimento de nutrientes e oxigênio para o feto — o obstetra vai indicar a aplicação de injeções de corticoide para ajudar no amadurecimento dos pulmões do bebê.
Esse medicamento só é usado em gestantes entre 28 e 34 semanas de gravidez. Pode ser feito entre 26-28 semanas quando o risco de parto prematuro é eminente. Esta medicação tem 4 semanas de duração e, portanto, pode ser repetida após este prazo, se necessária.
Embora não impeça o nascimento prematuro, essa medicação acelera o amadurecimento pulmonar, reduzindo os riscos de complicações.
Os prematuros e os bebês que nascem com baixa produção de surfactante recebem o surfactante exógeno, uma substância similar à produzida pelo organismo, para ajudá-los a respirar até que o corpo seja capaz de produzir a quantidade necessária para uma respiração eficiente.
Como é a primeira respiração do bebê fora do útero?
Assim que o bebê nasce, seu diafragma é sacudido e o coração é estimulado a enviar sangue para os pulmões. O ar que entra na primeira inspiração infla os sacos alveolares, substituindo o líquido amniótico, que é absorvido pela corrente sanguínea. O surfactante entra em ação, mantendo os alvéolos abertos para facilitar a passagem do ar e a troca gasosa, regularizando a respiração. Essa substância nos acompanha por toda a vida, nos permitindo respirar corretamente.
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A primeira respiração é dolorida, por isso, muitos bebês choram, sendo esse um sinal importante de que sua respiração está funcionando corretamente. Logo após o nascimento a equipe médica mede os níveis de oxigenação do bebê e assim que ele demonstra que está respirando bem sozinho, acontece o corte do cordão umbilical, e o organismo do pequeno está completamente livre do corpo materno e depende apenas de si mesmo para sobreviver.
O recém-nascido ainda vai levar alguns dias para ter uma respiração regular, pois, esse é um grande esforço e exige alguma prática. É normal que os pais, especialmente os de primeira viagem, fiquem inseguros e ansiosos com a respiração rápida e profunda do pequeno. Mas não se preocupem! Esse é um processo normal e o pediatra poderá orientá-los e tranquilizá-los sobre o que é esperado na respiração do bebê nos primeiros dias.
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