Curiosidades da gravidez

Depressão na gestação e no pós-parto: entenda tudo sobre o assunto

Todo mundo já ouviu falar de depressão pós-parto, porém poucas pessoas realmente sabem do que se trata o assunto. Esse problema assola muitas mulheres e é muito mais comum do que imaginamos, trazendo dificuldades sérias para a nova mamãe, para o bebê recém-chegado e para a família.

Além da depressão pós-parto, a gravidez também pode se associar à depressão com a chamada depressão na gestação, que faz com que a futura mamãe não cuide de sua saúde como deveria e possa prejudicar o desenvolvimento do bebê.

Hoje em dia esses males são ainda mais comum do que em outros tempos, especialmente pela alta carga de pressão a que as mulheres são submetidas e a falta de tempo para uma gestação e recuperação mais tranquilas, especialmente por questões profissionais.

Quer entender melhor sobre o assunto, descobrir o que são a depressão na gestação e no pós-parto, quais suas causas, sintomas e quando procurar ajuda médica? Confira o texto a seguir:

Gravidez e depressão

A gravidez pode predispor a mulher a dois tipos específicos de depressão: a depressão pós-parto e a depressão na gestação. Trata-se de duas patologias distintas que não irão necessariamente afetar a mesma mulher, embora a mulher com depressão anterior à gestação ou durante a gestação tenha um risco maior de também desenvolver a depressão no período pós-parto.

A depressão pós-parto é um problema que assola as mulheres após elas terem dado à luz ao bebê. Em alguns casos, a depressão é leve e, embora a mulher esteja mais entristecida e desanimada, ela ainda consegue oferecer os cuidados adequados ao recém-nascido. Em outros casos, no entanto, a depressão é grave e os cuidados ao bebê ficam extremamente comprometidos, colocando a vida da mãe e da criança em risco.

Já a depressão na gestação está associada a uma tristeza e desânimo exagerados durante a gestação que prejudica os cuidados necessários nessa fase. A grávida não realiza os exames de pré-natal de forma adequada, não se preocupa em comprar roupinhas para o bebê ou em parar de fumar, por exemplo.

Linha do tempo

A qualquer momento da gravidez, a mulher pode desenvolver a depressão na gestação. Geralmente, os sintomas surgem logo após a descoberta da gravidez e o início das alterações consideradas normais nessa fase da vida, mas podem estar associadas a eventos específicos que ocorreram durante os nove meses como a descoberta de uma malformação, a separação do marido ou problemas financeiros.

Em relação à depressão pós-parto, o nome pode enganar um pouco. A impressão é de que esse tipo de depressão tem início logo após o nascimento do bebê, nas primeiras semanas pós-parto, no entanto, o surgimento da doença deve necessariamente ocorrer de algumas semanas após o nascimento do bebê até o final do primeiro ano de vida da criança.

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Ou seja, a depressão pós-parto não surge imediatamente após o parto. Na maioria das vezes, os sintomas começam a surgir cerca de um mês após o nascimento da criança e atingem seu auge por volta dos 3 meses.

Grupos de risco

Estima-se que cerca de 10 a 20% das gestantes possuem algum nível de depressão enquanto 10 a 15% das mães são afetadas com a depressão pós-parto, números bem acima do que a população em geral suspeita.

Embora qualquer mulher possa desenvolver a depressão, mulheres que já sofriam de depressão antes, que estão passando por problemas no casamento, que tiveram uma gravidez não desejada, que têm condições socioeconômicas baixas e que passaram por algum evento traumático durante a gestação têm um risco aumentado de desenvolverem depressão, seja na gravidez ou no pós-parto.

Além disso, há fatores genéticos envolvidos no processo, então caso haja casos de depressão gestacional ou pós-parto na família, a chance da mulher ter essas condições também é maior.

Causas

A depressão parece surgir a partir de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A hipótese mais aceita é que mulheres com uma maior susceptibilidade neurobiológica à depressão não se adaptariam bem às alterações hormonais e comportamentais da gravidez ou do período pós-parto e isso desencadearia a doença.

Apesar disso, é difícil dizer quem terá a depressão e por que ela está ocorrendo. Muitas vezes, mulheres que sofreram com depressão por anos tem uma gravidez tranquila e feliz enquanto mulheres sem qualquer história pessoal ou familiar de depressão desenvolvem casos graves de depressão pós-parto.

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Diagnóstico

É comum que as mulheres tenham oscilações de humor durante a gravidez e após o parto, sem que isso seja considerado patológico nem anormal. Os níveis hormonais se alteram muito e, com eles, segue oscilando o humor da nova mãe. As alterações no corpo, a privação de sono e da liberdade, mudanças nas relações sociais e no trabalho e as preocupações pioram ainda mais o quadro.

Se a mulher consegue se adaptar a essas mudanças e se mantém animada com os preparatórios para a chegada do bebê, como a compra do enxoval e a escolha do nome, apesar das dificuldades, ela não deve estar deprimida. A depressão ocorre quando as alterações da gravidez atrapalham toda a rotina da mulher e se tornam um problema na vida dela, impedindo-a de fazer o pré-natal de forma adequada e fazendo com que ela não queira se preparar para o nascimento da criança.

A sensação de ansiedade, choros e irritabilidade também são normais na primeira e segunda semana após o parto, mas esses sinais desaparecem à medida que a família entra em uma nova rotina com o bebê. A depressão pós-parto ocorre quando esses sintomas não vão embora ou quando os indícios surgem um mês depois do nascimento.

Não existem exames específicos para detectar a condição, porém um médico bem habilitado pode perceber o quadro rapidamente — também há um questionário que a mãe preencherá durante a consulta para verificar esses sinais ou sintomas.

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Sintomas

Os sintomas podem variar bastante, mas em geral são os mesmos da depressão comum que pode ocorrer em qualquer momento da vida de uma pessoa. Além da tristeza profunda e duradoura, pode surgir agitação, falta de apetite, irritabilidade, sensação de inutilidade ou perda, reclusão, falta de energia e concentração, ansiedade, sentimentos negativos em relação à criança, pensamento de morte ou suicídio, problemas para dormir e incapacidade de cuidar do bebê.

Se a depressão ocorrer durante a gestação, a mulher pode não cumprir as orientações do pré-natal, ficar muito tempo sem se alimentar e fazer uso de álcool, cigarro e outras drogas. O bebê pode nascer prematuro, de baixo peso e ter mais problemas para dormir nos primeiros 18 meses de vida.

Se a depressão é após o parto, a amamentação, a troca de fraldas, a oferta de papinhas, as brincadeiras e os cuidados gerais com o bebê são prejudicados. A mãe não se sente conectada com a criança e não a reconhece como filho. Em casos de depressão grave, a vida do bebê é posta em risco se ele fica apenas sob cuidados da mãe.

Além de todos esses sintomas, é comum ainda que a mulher sinta muita culpa por não conseguir cumprir o papel de mãe como deseja e não atingir as expectativas do companheiro, da família e de toda a sociedade nesse momento de sua vida. Assim, é comum que as mulheres tentem esconder os sentimentos de depressão ou fingir estarem felizes com a gravidez e com a chegada do bebê.

Tratamento

Tratar a depressão é tão importante quanto tratar qualquer outra doença como hipertensão e infarto, já que há uma alteração química no funcionamento do cérebro dessas mulheres que as impedem de sentir prazer com a gravidez e os cuidados do bebê. A terapia pode ser suficiente em casos leves e moderados, em que a mãe se sente um pouco mais abatida mas ainda consegue realizar todas as suas funções e manter uma vida normal.

Mas em casos de depressão grave, o uso de medicações antidepressivas é essencial, apesar da possibilidade deles atravessarem tanto a barreira placentária quanto passarem para o leite. Nessas situações, o benefício de uma mãe saudável e sem depressão é maior do que o risco do bebê ter alguma alteração devido ao medicamento, o que significa que a mãe não precisa ficar temerosa em relação ao uso do remédio.

De qualquer forma, um apoio maior da família na divisão das tarefas e dos cuidados com o bebê é fundamental para que a mãe não seja sobrecarregada e consiga desfrutar melhor dessa fase da vida. Aumentar a comunicação com o parceiro, desabafar com as amigas, praticar exercícios físicos, ter uma boa noite de sono e manter uma dieta saudável também contribuem para a melhora dos sintomas.

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Buscando ajuda médica

Se você perceber um desses sinais em alguém que teve um filho dentro do período de possibilidade da depressão na gestação ou pós-parto, procure ou indique a ela que se dirija a um médico de confiança. Não buscar auxílio no momento oportuno pode não só deteriorar a relação da nova mãe com a família, os amigos e o filho, mas até colocar em risco a vida deles.

A questão hormonal somada à questão social pode ser uma verdadeira bomba na vida de uma mulher que já está vivendo um momento de mudanças profundas, por isso ela merece toda a ajuda que puder ser oferecida. Não hesite em contatar um médico qualificado: com saúde, especialmente na gravidez e no pós-parto, não se brinca.

Você já sofreu de depressão na gestação e no pós-parto ou conhece alguém que passou por esse problema? Divida a sua experiência em nossas redes sociais.

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    Dr. Bruno Wunder de Alencar

    Dr. Bruno Wunder de Alencar

    (CRM: 684341RJ)
    Graduado em Medicina pela Escola de Medicina Souza Marques e residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo Instituto Fernandes Figueira;
    Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO;
    Pós Graduação em Medicina Fetal pela FIOCRUZ;
    Pós Graduação em Ginecologia pela Santa Casa de Misericórdia RJ;
    Últimas posições: Diretor Médico do Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart e Membro do Conselho Médico da Casa de Saúde São José

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